A morte
Hoje à noite andei no escuro
Olhei no profundo breu
Vi a morte caminhando
"Não era a morte", pensei eu
Caminhando a passos curtos
A morte era uma mulher
De vestido e muito alta
Pele negra de café
Hoje à noite andei no escuro
No meio daquele breu
A morte mudou de corpo
Sua aparência dissolveu
Envolta por grosso pano
Essa morte era um homem
De corpo muito franzino
De corpo de muita fome
Hoje à noite andei no escuro
Tinha atrás de mim, um breu
A morte me olhou nos olhos
Não era a morte, era eu.