Afinal, e o final?
ATENÇÃO: Post com spoilers American Fiction, Anatomia de Uma Queda e Inception
Em uma rápida conversa pelo zapzapperson, um amigo me falou como achou o final de American Fiction fraco. Como o filme parecia estar picotado, já que algumas discussões ficavam apenas arranhando a superfície. Poucos minutos depois disso, me encontro pensativo. American Fiction foi o que mais me encantou entre os 10 indicados ao Oscar de Melhor Filme em 2024 mas, de cara, percebi que não era uma obra impecável.
Bom, não estou aqui pra discutir como acho que as discussões sempre no quaaaaase se relacionam com a forma de pensar estadunidense. Pode ser um post pra outra hora. Quero me ater apenas ao final. Afinal, também não é minha parte predileta. As opções dadas pelo próprio protagonista, em conversa com um cineasta na última cena, funcionariam como finais mais impactantes, chamativos. Mas é difícil entender se faltou ousadia mesmo ou se sobrou expectativa.
Principalmente por que expectativa é sobre nós, não sobre a obra. Seguindo esse pensamento, acho o final satisfatório, realista. Ele não revelou que ele escreveu o livro premiado nem encerrou o enredo se redimindo da merda que fez com seu par romântico. Factível. Não necessariamente o final dos sonhos.
Mas passei a pensar muito sobre expectativas em filmes. É parte essencial da formação de opinião sobre qualquer coisa. É o que muda nossa percepção e que não está diretamente exposto nas peças, mas escondido em cada pessoa. É o que divide quem conseguiu superar o peão girando (ou parando) ao final de Inception e quem não conseguiu, fazendo um ou outro fato lhe estragar a experiência completamente. E Sandra, de Anatomia de Uma Queda. Matou ou não o marido? E será que isso realmente importa?
Difícil decidir. Pois também se um filme fosse atender todas as minhas expectativas, não ficaria bem para as suas. Ou talvez concordássemos que Monk (Jeffrey Wright) e Sintara (Issa Rae), de American Fiction, mereciam uma cena de 10 minutos apenas debatendo o famigerado livro que é ponto central do enredo. Só não ouse dizer que o cachorro Messi (o border collie de Anatomia de Uma Queda) não merece um Oscar.