Era de ouro do Náutico - Temporada 3: Jabutis, Fernando Diniz e milagres - Saves de FM
Eu não quero mais brincar com você
Me senti em Toy Story no mercado de transferências, doido pra me livrar de grandes destaques da temporada passada. Como a janela só abre em janeiro (que loucura isso, acho que peguei uma base de dados ruim), praticamente na véspera da nossa primeira partida pelo Pernambucano, tive que esperar bastante para fazer ofertas por contratações.
Comecei com o goleiro Neto Volpi, do Deportes Tolima, vindo de graça para ser o novo reserva, já na intenção de vender Martínez e liberar uma vaga estrangeira no elenco. Aproveitei o rebaixamento do Athletico Paranaense para pegar Luiz Fernando, também de graça, uma opção razoável para ser nosso ponta direito reserva, mirando a venda de Carlos Rodríguez. Para ocupar a lacuna na equipe titular deixada por De Pena, trouxe Pepê, ex-Grêmio, mais um de graça. Esse foi mais caro, mas confiei em seus atributos como um bom construtor de jogo.
Nesse meio tempo, consegui negociar Denner por 35 milhões para o Bahia e Jeffersson Martínez foi para o Ceará por mais 25 milhões. Aproveitei a vaga de estrangeiro aberta para trazer Alan Franco, ex-Atlético Mineiro, de graça para ser reserva de Pepê.
Outras vendas foram aparecendo e vou falar logo delas. Carlos Rodríguez, ponta direito reserva, foi para o Independiente Santa Fé por 3,25 milhões. Malagón foi para o Alianza F.C. por 2,5 milhões e também achei que era a hora certa para vender o jovem Thiago Massa. Ele não se desenvolveu bem nos atributos técnicos e seu contrato acabaria no final do ano. Preferi aceitar os 100 mil oferecidos pelo Brasil de Pelotas.
Tentei de tudo para vender Balboa e Getúlio. No segundo, tinha muito menos fé. O primeiro até me surpreendeu na primeira temporada, mas eu não tinha fé que o raio cairia duas vezes no mesmo lugar. Sempre foi um jogador irregular que acabou se crescendo junto com o time quando estávamos no nosso melhor momento. Já vi esse filme antes e sabia que não ia dar bom. Infelizmente, só consegui emprestar Balboa para o CRB e Getúlio para o Botafogo de Ribeirão.
Ao menos, abriu mais uma vaga para estrangeiros. E dinheiro, eu tinha. O problema era competir com o Vasco, com o Atlético Goianiense e outros times intermediários com mais reputação e poderio financeiro. Isso pra não falar das vagas de estrangeiro limitadas. Entre as opções de zagueiros disponíveis, achei melhor gastar logo de uma vez uma nota em Jair, zagueiro do Santos que ficou em 3º lugar no prêmio de revelação da Série B. Perfeito para brigar por uma posição entre os titulares, 1,98m de altura e 19 de impulsão.
Gastei mais 10 milhões trazendo Luis Ángel Díaz, que também contratei no save com o Everton (e lá ele foi bem mal). O último investimento pagante foi em Sabino. Só 7,5 milhões por um zagueiro de bom nível e que aceitará menos tempo de jogo. Enfim, a zaga estava completa. Para cuidar das laterais, trouxe Jamerson, do Atlético Mineiro, por empréstimo, para a lateral esquerda e Lucas Souto, argentino ex-Defensa y Justicia, para a direita. Lucas Sasha envelheceu demais desde o fim da temporada e decaiu fisicamente. Para ser a última opção de rotação no meio de campo, trouxe o jovem Fernando Henrique, ex-Cruzeiro, que estava sem clube.
Depois da saída de Balboa, sonhei com alguns atacantes de ponta, mas todos custavam 40 milhões e eu só tinha 13 em caixa. Tive que me contentar com Pablo Sabbag, um sírio-colombiano de 28 anos com 25 partidas pela seleção síria e 11 gols. Saiu após seu fim de contrato com La Equidad, da Colômbia, marcando 14 gols em 2023 e 13 gols em 2024. Contando com 14 de equilíbrio e cabeceios, 15 de força de 16 de impulsão, além de ser bem dominante nos físicos e consistente mentalmente, me pareceu um ótimo negócio trazê-lo de graça. Ele não é tão melhor que Balboa assim, especialmente nos atributos psicológicos, mas pelo menos é mais jovem, ganha no físico e tem decisões e compostura melhores.
A questão é que Sabbag já foi a bola do desespero para tentar reforçar o ataque. Eu não fiquei satisfeito, mas só podia lamentar. Chegou o último dia da abertura do mercado e a única coisa que podia fazer era trazer Matheus Nascimento, jovem atacante do Botafogo, por empréstimo. Ainda me obrigaram a colocar uma cláusula de compra opcional de 19 milhões.
Um encanto que se quebra
Com tantas mudanças por fazer, o time ficou bem desbalanceado para o começo da temporada. Fomos lidando com as partidas ainda tentando fazer as contratações e eu preferi tentar lançar mais alguns jovens no Pernambucano para ver no que dava. Batemos o Retrô por 2x1, mas empatamos contra o Petrolina no sertão em 1x1. Começamos a Copa do Nordeste batendo o Sampaio Correa por 2x0 e depois vencendo o CRB por 2x1, depois de golear o Afogados no Pernambucano.
O primeiro desafio da temporada foi uma sequência no início de fevereiro. Fomos ao Arruda para golear o Santa Cruz. 5x0 com hat-trick de Anderson Angulo e 2 gols de Juan Alano. Um passeio tranquilo!
Na sequência, dominamos o Ceará, nos Aflitos, vencendo por 2x1. Apesar do 11x3 em finalizações e 65% de posse de bola, senti que o resultado foi mais apertado do que o ideal. Balboa foi o atacante titular, com 6.4 de nota. Sinais.
Depois, pegamos o Sport, pelo Pernambucano, também nos Aflitos. Tivemos 71% de posse de bola e finalizamos 14 vezes, mas o time falhou em acertar a barra em 12 dessas ocasiões. Balboa repetiu o 6.4 e Díaz, que era minha esperança para substituir Denner, teve nota 6.2. Um desastre completo com 1,49 de xG. Para piorar a desgraça, Borja (sim, aquele!) recebeu lançamento, entrou na área e sofreu pênalti. Ele mesmo converteu. O Sport teve 2 finalizações na partida. Só uma delas foi no gol. O suficiente para quebrar o encanto. Eles nos venceram depois do 3º ano de save.
Fiquei em estado de pura revolta, mas nos reencontraríamos de novo e mal pude esperar. Vencemos o Treze, pela Copa do Nordeste, e goleamos o Belo Jardim, pelo Pernambucano. Logo depois, o jogo que me interessava. De novo o Sport, agora na Ilha do Retiro. Pepê achou um chutaço, de dentro da área, abrindo o placar. Só que Lenny Lobato empatou 5 minutos depois e, nos acréscimos, Borja virou o placar. Parecia que estávamos fadados a ser o velho Náutico contra esse novo Sport do treinador Zé Ricardo, em plena Série C de cu. Aí, aos 25 do segundo tempo, Juan Alano saiu correndo, entrou na área e deu passe para o meio. Adrián Balboa cumpriu seu papel e fez seu último gol com a camisa do Náutico, batendo no canto esquerdo de Marcão para empatar o jogo. Ficou por isso mesmo.
Ainda não era o suficiente, ainda fiquei alvoroçado por não conseguir bater o Sport de 3ª divisão (que de 3ª divisão só tinha a divisão mesmo, porque o time tinha Borja, Thyere, Barletta, Erick Pulgar (sim, aquele!), Romarinho...
As partidas seguintes eram mero protocolo pra mim e amassamos todo mundo. Central, Maguary e Salgueiro pelo Pernambucano. Confiança Juazeirense e Altos pelo Nordestão. Passamos em 1º lugar do nosso grupo da Copa do Nordeste porque o Fortaleza tomou um 4x0 do CRB. E o grupo foi bem disputado. O Fortaleza teve 21 pontos, um a menos que a gente. Bahia terminou em 3º com 19 e o Vitória em 4º com 17. O grupo B foi muito mais modesto, com Sport, Ceará e CRB com 11 pontos e Confiança com 10. Bom para nós, que pegamos o Confiança nas quartas de final. Sabbag marcou um hat-trick na goleada por 6x0!
O empate contra o Petrolina na 2ª rodada e a derrota para o Sport nos deixou outra vez na 2ª colocação do Pernambucano. O Sport fez um campeonato perfeito. 9 vitórias em 9 jogos, parecia ter tudo para, finalmente nos vencer. O Retrô fez 4x0 no Santa Cruz, avançando à semifinal para encarar os leoninos. Nosso adversário foi o Salgueiro, que fez 2x0 no Maguary. Maguary esse que disputou todas as quartas de final de Pernambucano nesses 3 anos de save. Doideira. O Salgueiro nos deu uma semifinal muito fácil (ao contrário do que aconteceria na vida real). Fizemos um 7x1 tranquilo. Eu só conseguia pensar na final.
Talvez quisesse até pegar o Retrô para a pressão ser menor. Para o meu azar, Brian Orosco fez um gol aos 43 do segundo tempo para classificar o Sport à final do Galeto. Mais uma vez, e sei lá por qual motivo, a decisão seria nos Aflitos. Já começamos melhor, com um volume bem grande de finalizações nos minutos iniciais. Marcão indicava que teria outra tarde brilhante, defendendo tudo. Me preocupavam as notas, já baixas de Sabbag, Alano e Díaz.
Dominamos também as bolas paradas. Alano tinha feito gol de falta recente e tínhamos 3 torres em Sabbag, Jair e Angulo para tentar escanteios. Nada entrava. Aos 37 do 1º tempo, Alano cobrou uma falta no ângulo direito. Suspeito que Marcão tenha desviado, mas ela explodiu no travessão! A zaga tentou afastar, mas Luiz Fernando recebeu a sobra e soltou um golpe de karatê que morreu no canto direito! Finalmente! 1x0!
Levamos a vantagem para o intervalo e o Sport sequer finalizou no primeiro tempo. Tentei mudanças para a segunda etapa, deslocando Luiz Fernando para a esquerda, no lugar de Díaz, e trazendo o jovem Sérgio, que fez boas partidas pelo Pernambucano, além de tirar Alano e reforçar o meio de campo, descendo Marcos Júnior e colocando Yago Felipe para mantermos alguma solidez. O Sport tentou ir para cima, mas não assustou. Já na reta final, pedi para o time diminuir o ritmo e queimar tempo. O Sport tentou aproveitar algum tipo de desespero, pressionando no nosso campo de defesa. Só que Romarinho telegrafou o passe pra Lucas Ramos. Marcos Júnior foi espetacular, se antecipando para roubar e começar o contra-ataque. Matheus Nascimento, que entrou no lugar de Sabbag, também foi perfeito no deslocamento para receber o lançamento. Entrou na área, tirou do goleiro e ampliou o placar! O Galeto é nosso! Para fechar o caixão, já aos 49 do segundo tempo, Yago Felipe cobrou escanteio da esquerda para o 2º pau. Anderson Angulo testou e ela carimbou a trave esquerda antes de morrer lá dentro! Que belo 3x0! Que bela taça de pentacampeonato!
Um jabuti em cima da árvore
Nossa partida de semifinal da Copa do Nordeste só aconteceria em 3 semanas. Mais perto, estrearíamos na Série A e enfrentaríamos o São Paulo, atual bicampeão da Copa do Brasil, pela 3ª fase da Copa do Brasil (ganhamos vaga direta pelo título da Série B). Sem poder fazer novas contratações, parei para olhar as projeções da Série A. A diferença, especialmente financeira, é um abismo. Temos a 4ª menor folha salarial da divisão, sendo que 14 clubes pagam pelo menos perto de 100 milhões em salários por ano, quase o dobro dos 57 milhões que gastaremos.
Nossa previsão era terminar na 15ª posição ou 16ª, dependendo do dia que eu olhasse. Para a nossa sorte, começamos a competição recebendo Juventude (previsto para terminar em 18º) e Avaí (previsto para ser o lanterna. Vencemos ambas as partidas sem tomar gols e saltamos na tabela! O próximo adversário foi o Cuiabá. Teoricamente, acessível, uma equipe contra a qual deveríamos brigar bem. Só que Aílton foi expulso com 14 minutos e estragou nossas chances. Tomamos um 3x0 muito fácil.
Entre as partidas, estreamos pela Copa do Brasil. No Morumbi, viramos para cima do São Paulo e estávamos jogando bem melhor. Só que não conseguimos segurar e tomamos a remontada com gol aos 42 do segundo tempo. Nutrimos esperança de conseguir alguma coisa na volta e, outra vez, fomos dominantes, jogando melhor. Matheus Nascimento abriu o placar mas, na única finalização do São Paulo a gol até então, Calleri empatou. No segundo tempo, a arbitragem anulou um gol de Nascimento, mas Angulo testou para as redes. O 2x1 era o suficiente para, ao menos, levarmos para os pênaltis. Só que, aos 48 do segundo tempo, Oscar (sim, aquele!) pegou uma bola na entrada da área e bateu no ângulo. Tínhamos 16 finalizações, sendo 5 no gol, com 2,14 de xG. O São Paulo acabou a partida com 3 finalizações, sendo duas no gol. Coisas do futebol. Estamos fora da Copa do Brasil.
Mais revoltante ainda foi a semifinal da Copa do Nordeste, contra o Ceará, nos Aflitos. Tínhamos tudo para vencer, inclusive o momento melhor. Amassamos o Ceará, com 18 a 5 em finalizações e 70% de posse de bola, mas Bankole saiu mal e entregou um gol para Alemão. Pepê empatou rapidamente e seguimos pressionando, mas não conseguimos virar o placar. Nos pênaltis, Bankole pegou cobrança de Zé Gabriel, se redimindo por uma partida ruim. Alan Franco só precisava converter para nos classificar, mas mandou na trave! Fomos para as alternadas e pensei que o erro de Breno nos tiraria do páreo. Janderson compensou, perdendo também. Aí, na 15ª cobrança, Jamerson mandou para fora. Zé Gabriel consertou seu erro anterior, garantindo a classificação. Um mês do céu ao inferno.
Maio foi mais tranquilo, com apenas 4 partidas. Conseguimos florescer, batendo Inter e Atlético Mineiro em casa e Palmeiras no Allianz Parque, mas tomamos um sopapo do Fluminense no Maracanã. Continuamos oscilando em junho, perdendo para o Goiás e empatando com o Bahia e com o Mirassol, jogando melhor. Retomamos a forma com vitórias sobre Corinthians, Grêmio e Ceará, voltamos a perder contra o Cruzeiro, ficamos no empate com o Fortaleza, mas batemos Botafogo e Vasco em sequência, chegando à abertura da janela de transferências na 4ª colocação com 33 pontos, no meio de um empate triplo com Cruzeiro e Cuiabá, olhando de longe o São Paulo líder absoluto, com 41 pontos.
Mercadaço
Eu já estava satisfeito só de brigar por uma vaga na Libertadores. Na verdade, a própria Sul-Americana já seria o suficiente pra um primeiro ano. Mas o time foi correspondendo, especialmente com as boas exibições de Luiz Fernando e apesar das lesões e oscilações de Alex, Piedrahita, Díaz, Juan Alano e Sabbag. Alano, inclusive, só participou de 4 dos nossos 17 jogos.
Ainda na janela anterior, vi Pablo Roberto disponível para assinar contrato a 6 meses do fim e não pensei duas vezes. Tinha a certeza de que poderia disputar posição e até desbancar Juan Alano. Foi a primeira contratação dessa parte da janela, antes mesmo da janela de janeiro a março se encerrar.
O resto, foi por conveniência. Percebi que Alan Franco, na verdade, tinha dupla nacionalidade, sendo também brasileiro. Com isso, tínhamos não uma mas duas vagas para estrangeiros disponíveis. Aproveitei o zagueiro croata-austríaco Dario Maresić, de saída do Istra 1961, e o ponta sérvio Milos Pantović, com contrato encerrando no TSC, para dar uma profundidade maior no elenco. A última contratação para a equipe principal foi Pedro Naressi, volante brasileiro com passagem pelo Sport e que estava no Ludogorets. Não ocupa vaga de estrangeiro e aumenta a nossa profundidade no meio de campo, estávamos precisando.
Seria ideal trazer um novo lateral esquerdo titular ou um lateral direito reserva. Quem sabe um atacante ou um novo goleiro, mas o orçamento já estava estourado, com 180 mil reais negativos. Minha reputação, porém, abriu a oportunidade de pegar 3 jogadores jovens de graça, 2 zagueiros e um lateral direito, mas ainda estão muito crus e não são nada relevante para mencionar.
Aguardando a derrocada de Fernando Diniz
Logo na abertura da janela, tivemos nossa sequência mais importante do ano, na qual enfrentamos o São Paulo duas vezes seguidas, ambas válidas pelo Brasileirão mesmo (falei que o calendário tava maluco). Com isso, terminamos o primeiro turno tendo jogado duas vezes contra o tricolor paulista comandado por Fernando Diniz.
Eu não tinha exatamente uma intenção direta de brigar pelo título. As coisas foram acontecendo. No primeiro confronto, nos Aflitos, Pablo Roberto mostrou poder de decisão, abrindo o placar. Jair ampliou em cobrança de escanteio. O 2x0, ao intervalo, parecia nos assegurar uma vaga nessa briga, mas Nestor diminuiu e a arbitragem deu pênalti, convertido por Plata. Não desesperamos porque éramos bem melhores. Yago Felipe invadiu a área e bateu cruzado para desempatar e Díaz fez o gol para matar o jogo, aos 44 do segundo tempo.
O que já era bom poderia ser melhor e o melhor tomou forma nos primeiros 39 minutos da segunda partida. O também recém-contratado Milos Pantović abriu o placar e deu assistência para gol de Kanu! No minuto seguinte, ele acabou expulso. Calleri diminuiu o placar e eu já pensava que o empate seria ótimo. Ainda nos acréscimos do primeiro tempo, Pablo Roberto foi o próximo a receber o cartão vermelho. Para completar esse dia desgraçado, 2 minutos depois da volta do intervalo, Yago Felipe também foi expulso. 1 é azar, 2 é sacanagem, mas 3 é assalto! Obviamente, o São Paulo virou a partida com facilidade, massacrando em finalizações. Uma garfada sem tamanhos que demonstrava que a máquina tinha escolhido lados (e que talvez eu devesse abrir algum tipo de reclamação porque isso nitidamente é esquema de apostas).
Uma vitória e uma derrota queriam dizer que a nossa sequência ficou na mesma. Voltamos rapidamente à forma, batendo Juventude e Avaí sem tomar gols. Em Agosto, vencemos Cuiabá, Internacional e Atlético Mineiro, além de empatar com o Fortaleza.
Setembro foi quase um campeonato carioca. Batemos Fluminense, Vasco e Flamengo antes de enfrentar o Palmeiras nos Aflitos. O verdão estava em uma crescente e eu já esperava uma complicação grande. Me acalmou o gol de Pablo Roberto, que abriu o placar aos 38 do primeiro tempo. Só que o Palmeiras virou rapidamente, com dois gols de Joaquin Correa no segundo tempo. Tentei jogar o time para frente, mas isso só piorou as coisas. Rony fez o terceiro, Pedro Naressi diminuiu, já aos 42 e, quando as esperanças reacenderam, o Rústico tratou de apagá-las com dois gols nos acréscimos. Derrota merecida por 5x2.
Durante esse período, eu não nutria grandes esperanças, apesar de sempre ficar olhando o calendário do São Paulo. Como estavam na Libertadores e chegaram à final da Copa do Brasil, tinham um calendário mais complicado e cheio e, por isso, chegaram a tropeçar. Perderam para Vasco e Bahia enquanto jogavam ida e volta das semifinais da Copa do Brasil e das oitavas da Libertadores, na qual acabaram eliminados pelo Talleres logo depois.
Quando venceram o Cruzeiro com gol de Ricardinho aos 45 do segundo tempo, imaginei que já era. Tinha cara de vitória de campeão. Ainda mais por vencerem o Flamengo na ida e na volta da final da Copa do Brasil logo em seguida, mas eles terminaram setembro empatando com o mesmo Flamengo no Brasileirão.
Outubro é que foi o mês decisivo. O São Paulo tinha jogos atrasados para cumprir e o calendário ficou cheio. O nosso estava tranquilo. Vencemos Goiás, Mirassol e Corinthians. Matheus Nascimento arrancou um gol na Fonte Nova para levarmos pelo menos 1 ponto para casa diante do Bahia em uma partida na qual fomos superiores.
O São Paulo oscilou mais. Das 7 partidas que fez no mês, empatou 2 e perdeu 1. Com isso, entramos nos 5 jogos finais com partidas a menos que os tricolores, na expectativa de que algum tropeço deles fosse o suficiente. Mas ainda precisávamos fazer a nossa parte e também secar o Cruzeiro, que nos alcançou em pontos.
A primeira partida decisiva da reta final foi contra o Grêmio. O regen Mateus Mizushima abriu o placar, já no segundo tempo. Pensei que não ia dar. Aos 24, Jair empatou para ele mesmo virar, 10 minutos depois. Piedrahita nos deu ainda mais calma, ampliando aos 43 e fazendo o gol de Marrony, nos acréscimos, ser inútil. Vitória apertada, mas fundamental!
A partida seguinte, contra o Ceará no Castelão, foi bem mais tranquila. Dominamos bem, abrimos o placar no primeiro tempo, fechamos no segundo e não sofremos sustos. De quebra, o São Paulo perdeu para o Cuiabá. Essa união de fatores criou uma tempestade perfeita com empate triplo em pontos. Ultrapassamos o São Paulo no saldo de gols, mesmo com um jogo a menos. O Cruzeiro seguia em nossa cola, também empatado em pontos. Todo mundo com 77.
Tá de sacanagem, CBF???
Momento decisivo, 36ª rodada do Brasileirão, dois times brigando diretamente pelo título e a CBF marca Náutico x Cruzeiro no meio da data Fifa. O Cruzeiro perdeu dois volantes que não tenho certeza se eram titulares ou não. Nós, por outro lado, perdemos Alan Franco e Sabbag, que também não eram titulares, mas poderiam entrar e ajudar no decorrer das partidas. Além disso, Pablo Roberto se lesionou e ficaria fora por 9 meses, perdendo a reta final.
Logo aos 7, Luiz Fernando, que estava fazendo uma ótima Série A, saiu lesionado. Pantović entrou, mas não conseguiu mudar o rumo do jogo. Matheus Nascimento, Juan Alano e Díaz também foram abaixo e saímos no 0x0.
O jogo seguinte foi a mesma maldição. Não jogamos nada no primeiro tempo. Tínhamos o desfalque de Jair e o ataque simplesmente não funcionou. O gol de Sabbag, de pênalti, parecia nos salvar, mas não conseguimos resistir e Pedro conseguiu o empate. Na reta final, Piedrahita ainda teve uma boa chance, mas bateu na trave. Péssima partida e péssimo resultado, que nos deixou na rabeira da briga pelo título. Seria preciso um milagre na rodada final.
Precisávamos vencer o Botafogo, nos Aflitos, e torcer para o Cruzeiro não vencer o Bahia na Fonte Nova e o São Paulo não vencer o Fluminense, no Maracanã. Esse último resultado foi o mais simples. O São Paulo levou um empate para o intervalo, mas o Fluminense acelerou no segundo tempo, abrindo um 5x1 vexatório para o tricolor paulista.
No meio do caminho, mantive um olho na partida entre Cruzeiro e Bahia, sem movimentações no primeiro tempo. Nos Aflitos, não tivemos tanta facilidade diante do Botafogo, que atacou bastante, usando um 3-4-3 que travou nossas investidas, principalmente pelas alas. Aflito estava eu, pensando no que mudar desse time com Díaz e Pantović em má fase e Sabbag com nota 6.2 até os 15 minutos. De repente, Ailton fez jogada pela esquerda e cruzou rasteiro. Lucas Halter tentou cortar, mas carimbou Gabriel Paulista. A bola sobrou no meio da área para Sabbag, que pegou de primeira e soltou uma bomba no ângulo esquerdo de Samuel Portugal! 1x0!
Para dar tranquilidade, 3 minutos depois, Pantović cobrou escanteio da direita. Jair testou do primeiro pau e anotou seu 13º gol na Série A. 2x0 e só precisávamos rezar para o Bahia conseguir segurar o Cruzeiro, contanto que fizéssemos nossa parte também. Esse último detalhe não foi tão fácil assim. Finalizamos 19 vezes, mas o Botafogo conseguiu 15 remates também. A diferença esteve no xG (2,47 contra 0,87) e também no fato de que, com exceção do arqueiro, o time do Botafogo foi mal.
A raposa só precisava de um gol. Não parecia difícil de imaginar. Nas últimas 15 partidas, tinham 3 empates e uma derrota. Ainda mais difícil imaginar que perderiam outra vez, sendo a melhor defesa da competição, com 33 gols sofridos. Em números, dominaram e martelaram a defensiva tricolor com 15 finalizações a 3, obrigando Marcos Felipe a fechar o gol no primeiro tempo. Mas, ao mesmo tempo em que comemorávamos o segundo gol contra o Botafogo, saía também a notícia de gol na Arena Fonte Nova: Luciano Juba entrou na área pela esquerda e bateu cruzado, colocando o Bahia na frente. Todo no ataque, o Cruzeiro teve uma grande chance com passe de Talles Magno para Gabigol dentro da área, mas o centroavante mandou para fora! O cabuloso arrancou o empate em jogada do lateral William, que entrou na área e acertou um chutaço. Aos 43 da etapa final, Caio Alexandre acabou recebendo o segundo amarelo, mas o Bahia conseguiu segurar o resultado, fundamental para... absolutamente nada, já que não poderia ser ultrapassado pelo Botafogo nem ultrapassaria o Cuiabá de qualquer maneira. Foi exatamente o que precisávamos para levantar a taça do Brasileirão!
Balanço
Cheguei a falar no começo e repito, mesmo depois do fim da temporada: esse time não é bom o suficiente. Não acho que estou sendo exigente, inclusive. Um acidente aconteceu e nós conseguimos aproveitar. Não espero a mesma facilidade no ano que vem. O que não quer dizer que não houve desenvolvimento...
Da parte de Jair, principalmente. Ele ganhou mais um prêmio de revelação do Brasileirão, agora da Série A e melhorou em vários atributos. Foi vice-goleador do time na primeira divisão e na temporada, marcando 23 gols em 46 partidas, pior apenas que Pablo Sabbag, atacante que só teve um gol a mais, mas também só jogou 33 vezes.
Apesar de não me encher os olhos em atributos, Luiz Fernando teve grande desempenho, marcando um duplo-duplo: 13 gols e 16 assistências em 47 partidas na temporada, líder de assistências da Série A com 13. Apesar de nem sempre constante, o desempenho de Díaz também foi notável: 10 gols e 22 assistências em 51 partidas.
Os 4 foram os pilares do time, me ajudando a ser premiado como treinador da temporada. Bankole, Ailton (14 assistências em 51 partidas), Jair, Souto e Luiz Fernando ainda figuraram no time da edição do Brasileirão.
Gostinho de quero mais
Outros deixaram a desejar. Matheus Nascimento oscilou demais com 14 gols em 38 jogos, sem fazer valer a cláusula de compra de 19 milhões que não exercerei. Pepê conseguiu 10 gols e 6 assistências em 53 partidas. Piedrahita até me deu 12 assistências e 8 gols, mas jogou 55 vezes. Não vou pesar a mão na exigência com Pablo Roberto, que fez uma boa entrega em poucos jogos: 9 gols e 1 assistências em 14 jogos. Alano também passou 3 meses lesionado e até achei razoável 6 gols e 12 assistências em 30 jogos. Silencioso, Anderson Angulo seguiu sendo bom artilheiro, chegando a 11 gols em 49 jogos, ótimo para um zagueiro.
Analisando as necessidades do elenco, parecia nítido que precisávamos reforçar tudo. Talvez as pontas fossem preocupações um pouco menores pelo volume que conseguiram produzir com Pantović, Díaz, Luiz Fernando, Piedrahita e Alex, mas faltava profundidade no restante do elenco. A questão é que, apesar do título, o Náutico seguia com 289 milhões de dívidas, projeções negativas e receitas no nível da metade das despesas. Outra vez, a direção não me deu quase nada de orçamento de transferências. Só 983 mil reais com 27 mil de espaço na folha.
Seria preciso mais uma rodada de vendas e renovação do elenco gastando o menor valor que eu pudesse para seguir melhorando. A questão é como fazer tanto com tão pouco no mais alto nível da América do Sul. Talvez eu descubra, mas isso é uma conversa para a próxima temporada!